Mestrado
O corpo belo como forma de poder: cartografando a biopolítica da beleza em Foucault
02/2008
01/03/2010
BIOPOLÍTICA DA BELEZA: RELAÇÕES DE PODER NA CONSTRUÇÃO DE CORPOS FEMININOS EM ACADEMIAS DE GINÁSITCA
Estudos Socioculturais em Educação Física
2-Cultura, Educação e Movimento Humano
BESEF
1
200
Português
Foucault; Biopolítica; Poder
O objetivo deste trabalho é analisar as operações biopolíticas que inserem a
construção de corpos belos nos jogos de verdade, à luz da teoria de Foucault.
Especificamente procuramos identificar os processos de transformação da beleza
em objeto de saber, e discutir as relações de poder que regulam a construção de
corpos belos, a partir do discurso de trinta mulheres praticantes de exercício físico
em academias de ginástica. O estudo, caracterizado como qualitativo foi realizado
em seis academias de ginástica da cidade do Recife selecionadas randomicamente.
Utilizamos como instrumento um roteiro de entrevista composto por imagens. Como
técnica de análise de discurso, utilizamos a análise de enunciados com base na
proposta arqueológica foucaultiana. Percebemos através da investigação
arqueológica que a beleza se tornou objeto de saber a partir de políticas eugenistas
de combate à fealdade, as quais utilizaram a Educação Física e a ginástica como
ferramenta para produção de corpos belos, compreendidos como superiores, dóceis,
saudáveis e produtivos. A análise dos discursos permitiu a identificação de dois
dispositivos da beleza atuantes na contemporaneidade: um dispositivo jurídico-
funcionalista e um dispositivo bioascético. Identificamos a atuação dos princípios de
dimorfismo sexual, de medicalização e normalização da aparência física, os quais
atuam criando padrões de aparência, excluindo corpos feios e valorizando
socialmente corpos belos. Por outro lado, percebemos que a busca pela produção
de corpos belos na atualidade, não é apenas o resultado de um processo histórico
de dominação institucional, mas sim uma estratégia assumida pelos sujeitos
contemporâneos para produzir poder a partir da construção da sua aparência
corporal. O destaque conferido à produção estética do corpo pelas entrevistadas
permitiu-nos verificar que a prática de exercício físico não é movida apenas pela
saúde, mas sim pelo propósito de ter poder através da beleza. Este poder vinculado
à construção estética possibilita dominar a conduta dos outros e reconstituir as
posições assumidas pelos sujeitos numa ordem cultural de estetização da vida e de
supervalorização do corpo.
[origem Coleta CAPES 2010 em 18/12/2012 15:12h]